Confira aqui algumas pérolas da cidade.
- A troco — como quem diz ” a troco de quê?”. Algo como “porquê?”, “pra quê?”.
- Alertar os gansos — Dar alarme sobre algo. Despertar a atenção indesejadamente.
- Arregar — Ficar com medo.
- Azar é do goleiro — Tipo “doa a quem doer”. “Não quero saber, não tô nem aí!”.
- Baia — O mesmo que casa. Sendo baia a casa do cavalo, aqui virou casa de gente.
- Baita — Baita é baita. É muito grande. O fulano é baita parceiro. A fulana é baita gostosa.
- Balaqueiro — Indivíduo provido de pseudo-malandragem. Metido, cheio de onda. Enfeitado.
- Bem nessas — Significa dizer “sim, isso mesmo, eu concordo contigo”.
- Cacetinho — Aquele pão de 50g. Chamado de pão francês em outros rincões, aqui é cacetinho mesmo.
- Cagando e andando — O cara que não tá se importando muito com determinada situação. Mesmo que seja difícil imaginar a cena. Eu (o Ricardo) acrescentaria “e chutando pros lados”.
- Chinelão — Xingamento que designa indivíduo com pouca classe, desarrumado, sem muito traquejo social. E mais um pouco.
- De cara — Chocado, surpreso e até mesmo magoado. Tudo junto. “Ô meu, o fulano tá de cara contigo!”. Também pode significar o sujeito que não está sob algum estado alterado de consciência.
- De canto — Discretamente, sem chamar a atenção.
- De rachar — Geralmente refere-se ao frio muito intenso. “Bah, hoje tá fazendo um frio de rachar os beiços”. Mas pode se referir aos efeitos do Sol. “Putz, um sol de rachar!” Rachar a cabeça, imagino.
- E lambe os beiço (assim mesmo, no singular)— O mesmo que dizer: E dê-se por satisfeito!
- Encher o buxo — Comer demasiadamente. Um pouco além do recomendado.
- Escangalhado — Em estado lamentável. Esbodegado.
- Faz a frente — O mesmo que “Faz a mão”. Quer dizer: Pô fulano, dá um jeito aí. Também pode ser: Vai, toma a iniciativa.
- Fechou o pau — Estranho, mas quer dizer que aconteceu uma briga, uma confusão, um tumulto. Pode ser também “fechou a rosca”, ou ainda “fechou o tempo”.
- Findi — Forma apocopada para fim-de-semana. “Nesse findi eu vou pra Magistério”.
- Gente-fina — Diz-se de indivíduo com qualidades e virtudes. Amigo, parceiro, “dus meu”.
- Godô — Artimanha, despiste, desculpa esfarrapada. “O fulano me deu um godô”.
- Guri de apartamento — diz-se do indivíduo sem muita malandragem, criado dentro de casa, mimado. Variação: guri de carpete.
- Hugo — Onomatopéia típica para o vômito. “Bah, ontem cheguei em casa mamado e chamei o hugo”.
- Indiada — Situação pouco agradável, programa indesejado. “Bah, o fulano me mete em cada indiada”.
- Já era — Termo muito usado para indicar a finitude de uma situação. Algo que não volta mais. “Viajou, magrão, fez a cagada agora já era”.
- Jóia — Legal, ou “tri legal”, bacana. Diz-se de pessoas ou coisas. “A fulaninha é bem jóia, né”.
- Lagarteando — Diz-se do sujeito que está ao sol, aquecendo-se. “Hoje tá bom pra pegar um chimas e ir pra Redença, lagartear”.
- Liga — Situação favorável, sorte. “Bah, dei uma baita liga”.
- Lomba — Lomba é lomba, ora. Mas no resto do país é ladeira.
- Me abri pra ti — Algo como: ” tu é o cara mesmo!”. Tirei o chapéu.
- Mijada — O mesmo que bronca. “Minha chefe me deu uma mijada”.
- Montar num porco — Ficar muito chateado com determinada situação. Ficar puto da cara.
- Námor — Em Porto Alegre temos a mania de diminuir, carinhosamente, as palavras. Assim namorada vira námor, chimarrão vira chimas, Redenção é Redença e por aí vai.
- Não caga nem desocupa a moita — Humm. Pois é. Expressão usada para o sujeito que não se decide. Não vai nem fica. Não anda nem desanda.
- Não dá nada — Algo como: “não te preocupa, isso não vai nos trazer problemas futuros”. Ou simplesmente: “Não esquenta”.
- Nicada — O mesmo que fazer amor, transar. Maneira chula de se referir ao ato sexual. “Tô loco pra dar uma nicada”.
- O que é um peido pra quem tá cagado — Muito usada para justificar uma atitude inesperada para alguém em situação desfavorável, sobretudo financeiramente.
- O que não mata engorda — Expressão muito usada quando se come algo de gosto ou aspecto duvidoso. Serve para acalmar a “vítima”.
- O ó do borogodó — Essa expressão, com som tão agradável, é usada para dizer que certa coisa é ruim, “de última”, “o fim da picada”.
- Pega-ratão — A UFRGS (diz-se úrguis) costuma usar muito em seus vestibulares. Apresenta uma questão relativamente fácil e os vestibulandos mocorongos acabam caindo. É uma armadilha, um embuste.
- Pra tu vê — Expressão usada para indicar a confirmação e/ou surpresa em determinada situação. “Me deu um pé na bunda. Pra tu vê como são as coisas”. Bom, talvez não seja bem isso.
- Profi — Coisa de profissional. Especial mesmo. “Pô, esse site de Porto Alegre ficou profí!”.
- Qualé o teu pastel? — Não é o balconista perguntando que sabor tu queres. Mas sim “qual é a tua?”. Uma interpelação brincalhona, mas nem sempre. Depende do tom.
- Que tal? — Usada como saudação. Ao invés de dizer “oi, tudo bem?” se diz “ó, que tal?”. Também usada em tom elogioso “Mas que tal, hein!”.
- Rateada — Ato de vacilar, fazer algo errado, cometer um deslize. “Bah, meu, que rateada!”.
- Responsa — Forma diminuída de responsabilidade. “Olha a responsa!”, quando se chama a atenção do sujeito para o seu dever. Tem também o “na responsa”.Significa algo bem feito, caprichado. “Olha esse sanduba que fiz pra ti, na responsa.”
- Revesgueio — No futebol quando se pega de mau jeito na bola. Também serve para olhar de canto do olho, de soslaio. “Tá me olhando de revesgueio”.
- Sarna pra se coçar — Situação que poder gerar confusão. “Tu tá é procurando sarna pra se coçar”. Procurando encrenca, incomodação.
- Se atacou das bicha — Diz-se da criatura que teve um “faniquito”. Se irritou com determinada situação.
- Se escalar — Ato de tirar proveito da bondade alheia. “A pinta já foi se escalando pro churras.”
- Tá bonito, tá ordeiro — Algo que está como deveria. Em pleno funcionamento. Numa boa.
- Tabacudo — Sujeito abobado, mangolão, tanso.
- Te liga — Usado para chamar a atenção do indivíduo. “Te liga, magrão”.
- Um pé lá e outro cá — Advertência, geralmente usada pelas mães, para avisar a criatura para não se demorar, porque senão vai ter.
- Vai que é um Dodge — Diz -se de algo que vai muito bem, que dá certo. Vai que é uma beleza.
- Varzeano — Adjetivo pejorativo para suburbano, quase um chinelão. De origem futebolística, provavelmente.
- Velho do Saco — Ser folclórico do imaginário coletivo. Muito usado no lugar do bicho-papão para “incentivar” uma criança a fazer algo. “Pare de incomodar senão eu te entrego pro velho do saco”. Hoje algumas mães já usam a Nazaré, da novela das oito, com o mesmo efeito.
[...] em Porto Alegre. O texto foi escrito em puro Porto-Alegrês, cujo dicionário pode ser encontrado em Expressões Portoalegrenses [...]
ResponderExcluir[...] em Porto Alegre. O texto foi escrito em puro Porto-Alegrês, cujo dicionário pode ser encontrado em Expressões Portoalegrenses [...]
ResponderExcluirgostaria de fazer o curso como consigo o telefone ou endereço?
ResponderExcluir"Varzeano — Adjetivo pejorativo para suburbano, quase um chinelão. De origem futebolística, provavelmente."
ResponderExcluirNão seria "varzeando"?
Que vem de campo de varzea, que é um tipo de vegetação (vegeteção pobre)
Dentro do futbol se referiam aos gramados ruins, normalmente do futbol amador?
abraço!
@Davi Bonansea: Não, não seria. :-)
ResponderExcluir[...] Fonte: Prof. Jânio, disponível em: <<http://cursodeportugues.blogarium.net/expressoes-portoalegrenses/>> [...]
ResponderExcluirBah, faltou maloqueiro e bagaceiro, com um sentido bem parecido de chinelão.
ResponderExcluir[...] utilizamos expressões com significados diferentes daquilo que elas representam literalmente, mas raramente nos [...]
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