Como trabalho produzindo conteúdo para blogues, e passo metade do tempo lendo todo tipo de texto na internet, acabo encontrando com mais frequência do que gostaria erros de português no material que acesso.
Isso é tão comum que decidi criar uma seção neste curso para comentar alguns tropeços cometidos contra a língua materna internet afora (confira este artigo sobre erros comuns contra a língua para ver exemplos do que estou falando).
Veja este que acabei de encontrar: "bilhetaria", que supostamente deveria ser bilheteria (guichê ou recinto onde se vende ingresso para cinema, teatro, shows, etc, e que por extensão significa o montante do valor gerado pelo total dos ingressos vendidos, como por exemplo quando nos referimos à bilheteria gerada por um filme, ou seja, o faturamento do mesmo).
Estava eu então lendo uma matéria sobre a triste partida deste mundo do diretor de cinema Tony Scott, famoso por Top Gun (Ases Indomáveis, estrelado por Tom Cruise) e muitos outros sucessos, que você pode conferir nesta matéria, quando encontrei o termo "bilhetaria" (no quarto parágrafo), logo após o mesmo artigo citar o termo bilheteria.
Eu achava que o termo "bilhetaria" não existia, como tinha comentado originalmente aqui.
Contudo, meu amigo Franklin Magalhães me alertou que esse termo existe (conforme consta nos comentários abaixo). Fiz uma pesquisa e constatei que "bilhetaria" é uma variação regional brasileira dessa palavra, sendo que em Portugal o termo usado é bilheteira (registrado no Novo Aurélio).
Vivendo e aprendendo. Por isso deixo essa abertura para correções e contribuições dos leitores e visitantes.
Nunca estamos totalmente livres de erros, mesmo quando pesquisamos bastante e conferimos repetidamente as informações.
Por isso mantenho minha crítica aos grandes meios de comunicação que não mantém correções constantes em suas publicações.
Vejo muitos erros por aí, de todo tipo, e algumas vezes retorno aos sites pra conferir, e os erros continuam lá.
Eu tenho o costume de sempre revisar meus textos e também agradeço aos leitores quando apontam algum que passou despercebido.
Não custa nada e a nossa língua mãe agradece. Como foi o caso agora. :)
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segunda-feira, 17 de julho de 2017
sábado, 15 de julho de 2017
O que significa iniquidade?
O artigo que vou abordar aqui, da Folha de São Paulo, apresenta a palavra iniquidade num contexto meio arrevesado (às avessas, de difícil compreensão), como diriam os antigos.
A questão é que a matéria discorre sobre um relatório da ONU sobre a desigualdade social da América Latina, ou seja, a falta de igualdade na distribuição da renda para a população.
Do início ao fim, o texto fala sobre o assunto da desigualdade ou falta de equidade mostrada pelo índice de distribuição de renda, que classifica os países por esse aspecto.
O problema aparece -- na minha humilde opinião, é claro--, quando é apresentada a seguinte frase:
Iniquidade, segundo o iDicionário Aulete, tem as seguintes acepções (significados):
Em suma, o sentido geral do termo puxa mais para algo maior do que uma simples desigualdade, pois iníquo quer dizer gravemente injusto, mau, perverso.
Que o Brasil social e economicamente falando seja injusto, com certeza é, mas não acredito que a ideia colocada no relatório implique uma maldade que chegue a crime.
Inclusive porque igualdade é sinônimo de equidade, mas desigualdade não é sinônimo de iniquidade.
Basta ver a lista acima dada pelo Aulete, em que aparece a falta de equidade, mas não a palavra desigualdade.
Posso estar redondamente enganado quanto ao uso da palavra, e o autor realmente esteja falando da perversidade da economia brasileira, que explora a classe trabalhadora de tal forma que chegue ao nível da maldade. Nisso eu não discordaria dele.
E pediria desculpas por minhas observações, sem problemas, se isso me fosse mostrado.
E até tentei ler o relatório no original para ver se é isso mesmo que é dito nele, mas não consegui, porque o arquivo apresentou defeito ao ser baixado e fiquei impedido de abri-lo.
Assim, se algum leitor conseguir isso, agradeceria a confirmação ou não do uso da palavra discutida aqui nesse texto.
Na verdade, escrevo tudo isso porque minha memória da palavra iniquidade tende para o contexto da maldade, da perversidade (veja esta coluna sobre vocabulário e esta outra sobre palavras esdrúxulas no Curso Gratuito de Português; gosto de escrever sobre português nesse estilo).
Por isso imaginei que simplesmente usar desigualdade na frase seria mais adequado, dentro do contexto do assunto tratado.
*
Isto posto, faço uma observação gramatical: o artigo da Folha apresenta uma pequena falha no final, que é um verbo no singular, quando o sujeito pede plural:
Pra mim, o problema não é cometer um erro ao escrever (mesmo de digitação, como parece ser o caso acima), isso é normal, o que não é normal é deixar o erro sem correção. Infelizmente, vejo isso com mais frequência do que gostaria nos portais de notícias.
Não tenho nada contra ninguém individualmente, pois vejo que a falta de correção se tornou uma coisa corriqueira, comum, e muita gente nem presta mais atenção nisso.
No entanto, como professor de línguas, não consigo fingir que não me bateu o famoso sentimento de vergonha alheia.
Por essa razão tomo cuidado quando escrevo. Além de ter uma característica apropriada para esta prática: não tenho preguiça de revisar, refazer ou corrigir textos, muito pelo contrário.
Nem de pedir aos leitores que apontem meus erros.
A questão é que a matéria discorre sobre um relatório da ONU sobre a desigualdade social da América Latina, ou seja, a falta de igualdade na distribuição da renda para a população.
Do início ao fim, o texto fala sobre o assunto da desigualdade ou falta de equidade mostrada pelo índice de distribuição de renda, que classifica os países por esse aspecto.
O problema aparece -- na minha humilde opinião, é claro--, quando é apresentada a seguinte frase:
O Brasil avançou, porém, se comparado a 1990, quando detinha o título de país com maior nível de iniquidade da América Latina.
Iniquidade, segundo o iDicionário Aulete, tem as seguintes acepções (significados):
1. Qualidade do que é iníquo. 2. Falta de equidade.3. Ação ou coisa iníqua.4. Grave injustiça.5. Pecado, culpa, crime.6. Maldade, perversidade.
Em suma, o sentido geral do termo puxa mais para algo maior do que uma simples desigualdade, pois iníquo quer dizer gravemente injusto, mau, perverso.
Que o Brasil social e economicamente falando seja injusto, com certeza é, mas não acredito que a ideia colocada no relatório implique uma maldade que chegue a crime.
Inclusive porque igualdade é sinônimo de equidade, mas desigualdade não é sinônimo de iniquidade.
Basta ver a lista acima dada pelo Aulete, em que aparece a falta de equidade, mas não a palavra desigualdade.
Posso estar redondamente enganado quanto ao uso da palavra, e o autor realmente esteja falando da perversidade da economia brasileira, que explora a classe trabalhadora de tal forma que chegue ao nível da maldade. Nisso eu não discordaria dele.
E pediria desculpas por minhas observações, sem problemas, se isso me fosse mostrado.
E até tentei ler o relatório no original para ver se é isso mesmo que é dito nele, mas não consegui, porque o arquivo apresentou defeito ao ser baixado e fiquei impedido de abri-lo.
Assim, se algum leitor conseguir isso, agradeceria a confirmação ou não do uso da palavra discutida aqui nesse texto.
Na verdade, escrevo tudo isso porque minha memória da palavra iniquidade tende para o contexto da maldade, da perversidade (veja esta coluna sobre vocabulário e esta outra sobre palavras esdrúxulas no Curso Gratuito de Português; gosto de escrever sobre português nesse estilo).
Por isso imaginei que simplesmente usar desigualdade na frase seria mais adequado, dentro do contexto do assunto tratado.
*
Isto posto, faço uma observação gramatical: o artigo da Folha apresenta uma pequena falha no final, que é um verbo no singular, quando o sujeito pede plural:
... enquanto as megacidades (mais de 5 milhões) fica com 14%...
Pra mim, o problema não é cometer um erro ao escrever (mesmo de digitação, como parece ser o caso acima), isso é normal, o que não é normal é deixar o erro sem correção. Infelizmente, vejo isso com mais frequência do que gostaria nos portais de notícias.
Não tenho nada contra ninguém individualmente, pois vejo que a falta de correção se tornou uma coisa corriqueira, comum, e muita gente nem presta mais atenção nisso.
No entanto, como professor de línguas, não consigo fingir que não me bateu o famoso sentimento de vergonha alheia.
Por essa razão tomo cuidado quando escrevo. Além de ter uma característica apropriada para esta prática: não tenho preguiça de revisar, refazer ou corrigir textos, muito pelo contrário.
Nem de pedir aos leitores que apontem meus erros.
quinta-feira, 13 de julho de 2017
Quem é mesmo "Sandro Rossel"?
Ao ler hoje o artigo da Folha de São Paulo, "Seleção será de empresa árabe até a Copa de 2022", deparei-me, no texto assinado por Juca Kfouri, renomado cronista esportivo, com um tal de "Sandro Rossel", que é denominado de "presidente do Barcelona" e "amigo do cartola" RT, ex-presidente da CBF (confira na imagem abaixo do texto citado):
Acontece que o presidente do Barcelona se chama Sandro Rosell, e é uma pena que não teve nenhum estagiário da Folha pra dar uma olhada na internet ou Wikipédia, por exemplo!
O Juca foi driblado nessa!
Acontece que o presidente do Barcelona se chama Sandro Rosell, e é uma pena que não teve nenhum estagiário da Folha pra dar uma olhada na internet ou Wikipédia, por exemplo!
O Juca foi driblado nessa!
quarta-feira, 12 de julho de 2017
O que são "maus súbitos"?
Lendo uma notícia triste, sobre a morte de um jogador de futebol, no site do Globo Esporte, não pude deixar de ficar mais pasmado ainda pelo fato de encontrar a expressão "maus súbitos" logo no primeiro parágrafo (eu até pensei que se tratava de "maus súditos" em princípio; como podem ver, no "printscreen" do artigo, abaixo, a expressão já foi corrigida, e eu perdi a imagem antiga):
Mas não importa, pois o que realmente interessa é como fazer o plural de 'mal'.
Eu sei que é difícil deduzir o plural do substantivo masculino mal, por ser irregular, pois não segue o padrão de tal > tais, farol > faróis, pastel > pastéis (nos quais se troca o L por IS), mas daí a escrever maus, que é o plural do adjetivo mau, já é demais.
O plural de mal é males, e entra no conjunto das chamadas "sete exceções":
mal - males;
cônsul - cônsules;
mel - meles ou méis;
fel - feles ou féis;
cal - cales ou cais;
aval - avales ou avais;
mol - moles ou móis.
Nada que uma pesquisa rápida não esclareça.
segunda-feira, 10 de julho de 2017
Chamada de capa tropeça na gramática
A parte mais divertida de ler as chamadas de matérias nos portais de notícias é encontrar os erros.
É como brincar de jogo dos 7 erros.
Todo dia tem.
Olha este, que encontrei na capa do UOL:
Não só faltou o plural em "elemento",
mas também a combinação correta de pronome possessivo e pronome pessoal oblíquo.
Ou escreve-se: "seu signo para lhe ajudar...", ou "teu signo para te ajudar".
Na metade deste artigo que publiquei no Sítio de Poesia
há uma explicação sobre a confusão (no uso de pronomes) que existe em nossa língua
entre o uso da segunda pessoa e da terceira.
É como brincar de jogo dos 7 erros.
Todo dia tem.
Olha este, que encontrei na capa do UOL:
***
Não só faltou o plural em "elemento",
mas também a combinação correta de pronome possessivo e pronome pessoal oblíquo.
Ou escreve-se: "seu signo para lhe ajudar...", ou "teu signo para te ajudar".
Na metade deste artigo que publiquei no Sítio de Poesia
há uma explicação sobre a confusão (no uso de pronomes) que existe em nossa língua
entre o uso da segunda pessoa e da terceira.
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