Vai ser lançada uma nova edição do dicionário Aurélio, de Aurélio Buarque de Holanda, no ano do centenário de seu nascimento (1910).
O filólogo, professor e crítico alagoano publicou também outras obras além do dicionário: contos, ensaios e vocabulário ortográfico.
Veja artigo sobre o autor e a nova edição do Aurélio, que inclui palavras comuns ao nosso tempo, como tuitar, blogar, e-book, nerd e balada, e já está adaptado ao novo acordo ortográfico.
***
E uma homenagem a ele do programa Sala de Notícias:
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sábado, 5 de maio de 2018
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018
"Vamos se ligar" no Inverno 2009 do SBT?
Caros leitores,
o assunto é a frase do título entre aspas. Ouvi a dita cuja numa das chamadas para esse programa do SBT, na qual o apresentador conclama os telespectadores a, suponho, junto com ele, "se ligar" no programa.
O único problema foi a frase "Vamos se ligar".
Para quem não sabe, o pronome pessoal oblíquo átono se é de terceira pessoa.
Assim, quando dizemos "Vamos..." a alguém, está subentendido que o sujeito desse verbo é nós, obviamente:
Eu vou
Tu vais
Ele /ela vai
Nós vamos
Vós ides
Eles/elas vão
Desta feita, a frase em questão não existe gramaticalmente. Ou é vamos nos ligar em alguma coisa, ou eles / elas vão se ligar, ele / ela vai se ligar, ou você vai se ligar e vocês vão se ligar (você é uma forma de segunda pessoa que leva o verbo para a terceira pessoa, daí ser possível o uso do reflexivo se, como enfatizei no artigo).
Em suma, como o próprio Supremo Tribunal Federal decidiu que não há necessidade de diploma de jornalismo para o exercício da profissão, essa chamada do SBT deve ter sido para divulgar alguma campanha de analfabetismo nestes tristes trópicos!
Como fica agora quem trabalhou duro durante anos para conseguir um diploma de jornalista? Esses vão simplesmente rasgar o diploma, já que ele não é mais necessário.
E quem pretende ser jornalista não precisa mais se dar ao trabalho de passar em vestibular ou gastar fosfato nas cadeiras frias das faculdades.
Afinal de contas, não é nem necessário saber a própria língua para exercer essa profissão!
A vanguarda do atraso continua operando em nosso país, pra não dizer como se diz na gíria, "operando nosso país"! E olha que não sou jornalista, sou professor de profissão. E não preciso de diploma pra ser poeta e escritor.
Mas, pelo andar da carruagem, qual vai ser o próximo passo? Desregulamentar a profissão de professor? Já vou me preparando para rasgar o meu diploma (ou os meus) também, e olha que eu tenho uma pilha deles: graduação, mestrado, doutorado...
Depois é voltar pras cavernas, ou pras matas, e resolver tudo no tacape! Não será necessário o uso da língua.
Quanto ao "vamos se ligar", como diz o Índio ao Cavaleiro Solitário, quando este olha as colinas ao redor, vê uma fileira interminável de índios e diz:
"Meu Deus, nós estamos cercados"!
- Nós ... quem, cara-pálida? :)
***
Falando em coisas esdrúxulas: no Brasil, o Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger) foi apresentando como Zorro, pelo fato de também usar máscara.
E seu companheiro índio, Tonto, um valoroso guerreiro, teve seu nome original mantido, criando essa confusão semântica.
Agora, a piada da piada: se o Cavaleiro era solitário, como é que ele tinha um parceiro? Coisa de esquizofrênico, como acabou sendo o próprio Zorro, por haver dois personagens denominados Zorro. Afinal, ele devia se perguntar, quem era o verdadeiro Zorro, ele ou o outro?
o assunto é a frase do título entre aspas. Ouvi a dita cuja numa das chamadas para esse programa do SBT, na qual o apresentador conclama os telespectadores a, suponho, junto com ele, "se ligar" no programa.
O único problema foi a frase "Vamos se ligar".
Para quem não sabe, o pronome pessoal oblíquo átono se é de terceira pessoa.
Assim, quando dizemos "Vamos..." a alguém, está subentendido que o sujeito desse verbo é nós, obviamente:
Eu vou
Tu vais
Ele /ela vai
Nós vamos
Vós ides
Eles/elas vão
Desta feita, a frase em questão não existe gramaticalmente. Ou é vamos nos ligar em alguma coisa, ou eles / elas vão se ligar, ele / ela vai se ligar, ou você vai se ligar e vocês vão se ligar (você é uma forma de segunda pessoa que leva o verbo para a terceira pessoa, daí ser possível o uso do reflexivo se, como enfatizei no artigo).
Em suma, como o próprio Supremo Tribunal Federal decidiu que não há necessidade de diploma de jornalismo para o exercício da profissão, essa chamada do SBT deve ter sido para divulgar alguma campanha de analfabetismo nestes tristes trópicos!
Como fica agora quem trabalhou duro durante anos para conseguir um diploma de jornalista? Esses vão simplesmente rasgar o diploma, já que ele não é mais necessário.
E quem pretende ser jornalista não precisa mais se dar ao trabalho de passar em vestibular ou gastar fosfato nas cadeiras frias das faculdades.
Afinal de contas, não é nem necessário saber a própria língua para exercer essa profissão!
A vanguarda do atraso continua operando em nosso país, pra não dizer como se diz na gíria, "operando nosso país"! E olha que não sou jornalista, sou professor de profissão. E não preciso de diploma pra ser poeta e escritor.
Mas, pelo andar da carruagem, qual vai ser o próximo passo? Desregulamentar a profissão de professor? Já vou me preparando para rasgar o meu diploma (ou os meus) também, e olha que eu tenho uma pilha deles: graduação, mestrado, doutorado...
Depois é voltar pras cavernas, ou pras matas, e resolver tudo no tacape! Não será necessário o uso da língua.
Quanto ao "vamos se ligar", como diz o Índio ao Cavaleiro Solitário, quando este olha as colinas ao redor, vê uma fileira interminável de índios e diz:
"Meu Deus, nós estamos cercados"!
- Nós ... quem, cara-pálida? :)
***
Falando em coisas esdrúxulas: no Brasil, o Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger) foi apresentando como Zorro, pelo fato de também usar máscara.
E seu companheiro índio, Tonto, um valoroso guerreiro, teve seu nome original mantido, criando essa confusão semântica.
Agora, a piada da piada: se o Cavaleiro era solitário, como é que ele tinha um parceiro? Coisa de esquizofrênico, como acabou sendo o próprio Zorro, por haver dois personagens denominados Zorro. Afinal, ele devia se perguntar, quem era o verdadeiro Zorro, ele ou o outro?
quinta-feira, 5 de outubro de 2017
Linguagem coloquial e gíria
Muitos autores usam linguagem coloquial e gíria em suas obras, tanto para retratar personagens com linguagem específica de uma região ou classe social, quanto para mostrar a linguagem de uma época.
Oswald de Andrade é um dos que mais usam esses recursos em seus poemas e romances.
Aliás, esse é um dos meus poetas preferidos.
Alguns de seus poemas,
com o ineditismo da linguagem coloquial da época,
até hoje me surpreendem, mesmo depois de lidos
dezenas de vezes.
Cito alguns aqui para deleite dos amantes da língua portuguesa e brasileira
(notem a pontuação, ou falta dela, e a ironia):
ERRO DE PORTUGUÊS
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
*****
O Capoeira
- Qué apanhá sordado?
- O quê?
- Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.
*****
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Oswald de Andrade é um dos que mais usam esses recursos em seus poemas e romances.
Aliás, esse é um dos meus poetas preferidos.
Alguns de seus poemas,
com o ineditismo da linguagem coloquial da época,
até hoje me surpreendem, mesmo depois de lidos
dezenas de vezes.
Cito alguns aqui para deleite dos amantes da língua portuguesa e brasileira
(notem a pontuação, ou falta dela, e a ironia):
ERRO DE PORTUGUÊS
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
*****
O Capoeira
- Qué apanhá sordado?
- O quê?
- Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.
*****
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
quinta-feira, 31 de agosto de 2017
Sobre a leitura como aprendizado da Língua
Caros leitores,
estive lendo os comentários do último artigo
postado pelo Janio e percebi que vários deles
se referem à leitura e aprendizado da língua.
Concordo plenamente com a ideia de que a leitura
seja uma excelente maneira de internalizar
as estruturas de uma língua,
seja ela materna ou estrangeira.
Da mesma maneira que ouvir uma língua
sendo falada nos possibilita a internalização
de sua pronúncia,
a visualização dela na escrita nos faculta
seu aprendizado morfológico e sintático.
Por isso, sempre recomendei a alunos e leitores
a leitura regular de textos, sejam eles de qualquer natureza.
Cada um tem sua preferência pessoal: jornais, blogues,
revistas, romances, poesia, críticas, filosofia, textos técnicos
de áreas específicas, e assim por diante.
Da minha parte, como sou formado em Letras,
necessariamente prefiro recomendar textos
da área de humanidades.
Considero a leitura
de três livros, de autores nacionais,
como obrigatória para
qualquer ser humano
que nascer dentro das fronteiras
desta terra chamada Brasil
(bem como para estrangeiros que
desejem conhecê-la melhor).
Estas três obras deveriam servir
de base para a formação de todo cidadão brasileiro,
e a partir delas, os brasileiros deveriam buscar
obras relacionadas, que lhe serviriam
tanto como instrução de como nosso país se formou
quanto para o aprendizado da própria língua,
pois essas obras são parte do conhecimento
máximo produzido por esta nação.
Refiro-me então a:
Os Sertões, de Euclides da Cunha.
Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda;
e
Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre.
Tenho certeza que esses livros expandem a mente e melhoram
a compreensão do mundo de qualquer pessoa que os ler.
Abraço a todos,
Gentil
p.s. é possível encontrar esses livros em muitos "sebos"
por um preço razoável.
estive lendo os comentários do último artigo
postado pelo Janio e percebi que vários deles
se referem à leitura e aprendizado da língua.
Concordo plenamente com a ideia de que a leitura
seja uma excelente maneira de internalizar
as estruturas de uma língua,
seja ela materna ou estrangeira.
Da mesma maneira que ouvir uma língua
sendo falada nos possibilita a internalização
de sua pronúncia,
a visualização dela na escrita nos faculta
seu aprendizado morfológico e sintático.
Por isso, sempre recomendei a alunos e leitores
a leitura regular de textos, sejam eles de qualquer natureza.
Cada um tem sua preferência pessoal: jornais, blogues,
revistas, romances, poesia, críticas, filosofia, textos técnicos
de áreas específicas, e assim por diante.
Da minha parte, como sou formado em Letras,
necessariamente prefiro recomendar textos
da área de humanidades.
Considero a leitura
de três livros, de autores nacionais,
como obrigatória para
qualquer ser humano
que nascer dentro das fronteiras
desta terra chamada Brasil
(bem como para estrangeiros que
desejem conhecê-la melhor).
Estas três obras deveriam servir
de base para a formação de todo cidadão brasileiro,
e a partir delas, os brasileiros deveriam buscar
obras relacionadas, que lhe serviriam
tanto como instrução de como nosso país se formou
quanto para o aprendizado da própria língua,
pois essas obras são parte do conhecimento
máximo produzido por esta nação.
Refiro-me então a:
Os Sertões, de Euclides da Cunha.
Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda;
e
Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre.
Tenho certeza que esses livros expandem a mente e melhoram
a compreensão do mundo de qualquer pessoa que os ler.
Abraço a todos,
Gentil
p.s. é possível encontrar esses livros em muitos "sebos"
por um preço razoável.
sexta-feira, 14 de julho de 2017
Pesquisa FAPESP: as marcas do português brasileiro
Veja o vídeo produzido pela FAPESP sobre sua pesquisa a respeito do português brasileiro:
***
A análise de documentos antigos e de entrevistas de campo ao longo dos últimos 30 anos está mostrando que o português brasileiro já pode ser considerado único, diferente do português europeu, do mesmo modo que o inglês americano é distinto do inglês britânico. [...] Veja no vídeo produzido pela equipe de Pesquisa FAPESP como a expansão do português no Brasil, as variações regionais com suas possíveis explicações e as raízes das inovações da linguagem estão emergindo por meio do trabalho de diversos linguistas.
Leia mais em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2015...
domingo, 2 de julho de 2017
Cem Observações sobre a Língua Portuguesa
Mais uma das que recebi por e-mail do Ricardo.
Desta vez, são cem dicas sobre a Língua Portuguesa, cem denúncias de erros que comumente cometemos, seja por ignorância, seja por vício (eu, por exemplo, tenho o vício do "pra", ao invés de para).
Acomode-se na cadeira, pegue uma água ou um café, respire fundo porque aí vêm:
Desta vez, são cem dicas sobre a Língua Portuguesa, cem denúncias de erros que comumente cometemos, seja por ignorância, seja por vício (eu, por exemplo, tenho o vício do "pra", ao invés de para).
Acomode-se na cadeira, pegue uma água ou um café, respire fundo porque aí vêm:
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