Muitos autores usam linguagem coloquial e gíria em suas obras, tanto para retratar personagens com linguagem específica de uma região ou classe social, quanto para mostrar a linguagem de uma época.
Oswald de Andrade é um dos que mais usam esses recursos em seus poemas e romances.
Aliás, esse é um dos meus poetas preferidos.
Alguns de seus poemas,
com o ineditismo da linguagem coloquial da época,
até hoje me surpreendem, mesmo depois de lidos
dezenas de vezes.
Cito alguns aqui para deleite dos amantes da língua portuguesa e brasileira
(notem a pontuação, ou falta dela, e a ironia):
ERRO DE PORTUGUÊS
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
*****
O Capoeira
- Qué apanhá sordado?
- O quê?
- Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.
*****
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
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