Vi esta chamada para um artigo no UOL e fiquei me perguntando: pode-se realmente brincar com o lúdico?
É claro que a minha pergunta se refere à redundância, já que brincar é divertir-se, fazer brincadeiras, recrear. E lúdico significa o que é típico das brincadeiras, do que é recreativo.
Por isso, 'brincar com o lúdico' é como dizer que você vai 'jogar jogos'.
Se vamos jogar, está implícito que iremos brincar utilizando jogos, e a menos que usemos um objeto específico ou mencionemos um esporte em particular, como jogar bola, dados, cartas, ou jogar basquete, futebol, video-game, etc, não precisaremos repetir o mesmo termo na frase.
Assim, “brincar com o lúdico” é repetição excessiva de informações.
É como dizer: voar no ar, nadar na água, comer com a boca, beijar com os lábios, e os já consagrados 'subir pra cima' e 'descer pra baixo'.
Ufa!
E hoje ainda é 06 de janeiro.
Desejem-me sorte, por favor, pois às vezes ler é mais difícil que escrever.
***
Observação: e eu quase deixei passar "o aniversário ... brincou com o clima lúdico" no tal artigo!
Desde quando aniversário brinca? Aniversário virou sujeito animado agora? Não havia pessoas fazendo isso?
Pausa para reflexão:
não faço essa crítica por mera falta de paciência. Após muitos anos estudando e escrevendo sobre português e lecionando inglês, noto que há uma lacuna em nosso idioma no que toca o ensino da voz ativa e passiva, o que não falta no inglês.
É preciso ensinar aos nossos patrícios, e por isso o faço aqui, que quando nos referimos a uma ação, é necessário ter em mente o agente dela, que será o sujeito da oração que a descreve, e que será o agente da passiva quando essa oração estiver nessa forma.
Portanto, não é tão simples tornar seres ou atos inanimados em animados, pois quando eles se tornam agentes da passiva, a frase pode se transformar numa coisa sem pé nem cabeça.
Que tal: "o clima lúdico foi brincado pelo aniversário"?
No aprendizado da língua inglesa, aprender a pensar sobre o sujeito da oração, o praticante da ação, é fundamental, para que coisas que não tem vida própria não pratiquem atos irreais. Vamos deixar essas coisas para a imaginação dos escritores, que tem criatividade bastante para inventar esse tipo de ficção.
O afã de enfeitar demais um texto pode acabar provocando o efeito oposto.
Como diz o ditado, 'cada um na sua', 'cada macaco no seu galho', etc.
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Adorei o post, parabéns você escreve muito bem!
ResponderExcluirFavoritei seu blog no meu!
Beijos.
Obrigado, Camila!
ResponderExcluirQue você realize todos os seus sonhos!
Abraço.