Caros leitores,
não basta saber a língua. É preciso conhecer a cultura produzida nessa língua. Por isso incluí a série de artigos sobre versificação, que traz a produção de nossos artistas, poetas, escritores, letristas.
Neste caso, trago a música Língua, de Caetano Veloso, numa interpretação ao lado de Elza Soares.
***
***
Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixe os Portugais morrerem à míngua
"Minha pátria é minha língua"
Fala Mangueira! Fala!
Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?
Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas!
Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
E – xeque-mate – explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem
Lobo do lobo do lobo do homem
Adoro nomes
Nomes em ã
De coisas como rã e ímã
Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã
Nomes de nomes
Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé
e Maria da Fé
Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?
Se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível filosofar em alemão
Blitz quer dizer corisco
Hollywood quer dizer Azevedo
E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo meu medo
A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria, tenho mátria
E quero frátria
Poesia concreta, prosa caótica
Ótica futura
Samba-rap, chic-left com banana
(– Será que ele está no Pão de Açúcar?
– Tá craude brô
– Você e tu
– Lhe amo
– Qué queu te faço, nego?
– Bote ligeiro!
– Ma’de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado!
– Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho!
– I like to spend some time in Mozambique
– Arigatô, arigatô!)
Nós canto-falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem, que falem
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018
terça-feira, 13 de fevereiro de 2018
Rosa de Hiroshima, por Ney Matogrosso
Como incluímos o poema Rosa de Hiroshima, de Vinícius de Moraes, em nosso curso sobre versificação, nada melhor do que apreciar agora este mesmo poema cantado por Ney Matogrosso, numa homenagem a esses artistas:
sábado, 10 de fevereiro de 2018
Divirtam-se com aula de português no teatro
Assistam a este esquete hilariante do grupo Os Melhores do Mundo, no qual um assaltante corrige os erros de português dos policiais.
Cuidado para não se mijar de tanto rir! :)
Cuidado para não se mijar de tanto rir! :)
terça-feira, 6 de fevereiro de 2018
O Lado Cômico dos Filósofos e das Filosofias
Caros leitores e estudantes,
como eu gosto de Filosofia e sei que muitos também gostam, além de ser uma necessidade para todos e uma exigência para aqueles que estão se preparando para o Enem, dou uma dica aqui sobre um blog filosófico do mais alto nível, que é o Lado Cômico (como o blog foi removido, coloco aqui o link para a página de autor do filósofo na Amazon). Ele é escrito pelo Professor Hingo Weber, filósofo e letrista de belas canções (e meu amigo, claro), como pode ser visto em sua parceria com o poeta Ronald Augusto, do blog Poesia-pau. Com o Ronald ele realizou o cd Os Humanos, de 1998.
como eu gosto de Filosofia e sei que muitos também gostam, além de ser uma necessidade para todos e uma exigência para aqueles que estão se preparando para o Enem, dou uma dica aqui sobre um blog filosófico do mais alto nível, que é o Lado Cômico (como o blog foi removido, coloco aqui o link para a página de autor do filósofo na Amazon). Ele é escrito pelo Professor Hingo Weber, filósofo e letrista de belas canções (e meu amigo, claro), como pode ser visto em sua parceria com o poeta Ronald Augusto, do blog Poesia-pau. Com o Ronald ele realizou o cd Os Humanos, de 1998.
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018
"Vamos se ligar" no Inverno 2009 do SBT?
Caros leitores,
o assunto é a frase do título entre aspas. Ouvi a dita cuja numa das chamadas para esse programa do SBT, na qual o apresentador conclama os telespectadores a, suponho, junto com ele, "se ligar" no programa.
O único problema foi a frase "Vamos se ligar".
Para quem não sabe, o pronome pessoal oblíquo átono se é de terceira pessoa.
Assim, quando dizemos "Vamos..." a alguém, está subentendido que o sujeito desse verbo é nós, obviamente:
Eu vou
Tu vais
Ele /ela vai
Nós vamos
Vós ides
Eles/elas vão
Desta feita, a frase em questão não existe gramaticalmente. Ou é vamos nos ligar em alguma coisa, ou eles / elas vão se ligar, ele / ela vai se ligar, ou você vai se ligar e vocês vão se ligar (você é uma forma de segunda pessoa que leva o verbo para a terceira pessoa, daí ser possível o uso do reflexivo se, como enfatizei no artigo).
Em suma, como o próprio Supremo Tribunal Federal decidiu que não há necessidade de diploma de jornalismo para o exercício da profissão, essa chamada do SBT deve ter sido para divulgar alguma campanha de analfabetismo nestes tristes trópicos!
Como fica agora quem trabalhou duro durante anos para conseguir um diploma de jornalista? Esses vão simplesmente rasgar o diploma, já que ele não é mais necessário.
E quem pretende ser jornalista não precisa mais se dar ao trabalho de passar em vestibular ou gastar fosfato nas cadeiras frias das faculdades.
Afinal de contas, não é nem necessário saber a própria língua para exercer essa profissão!
A vanguarda do atraso continua operando em nosso país, pra não dizer como se diz na gíria, "operando nosso país"! E olha que não sou jornalista, sou professor de profissão. E não preciso de diploma pra ser poeta e escritor.
Mas, pelo andar da carruagem, qual vai ser o próximo passo? Desregulamentar a profissão de professor? Já vou me preparando para rasgar o meu diploma (ou os meus) também, e olha que eu tenho uma pilha deles: graduação, mestrado, doutorado...
Depois é voltar pras cavernas, ou pras matas, e resolver tudo no tacape! Não será necessário o uso da língua.
Quanto ao "vamos se ligar", como diz o Índio ao Cavaleiro Solitário, quando este olha as colinas ao redor, vê uma fileira interminável de índios e diz:
"Meu Deus, nós estamos cercados"!
- Nós ... quem, cara-pálida? :)
***
Falando em coisas esdrúxulas: no Brasil, o Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger) foi apresentando como Zorro, pelo fato de também usar máscara.
E seu companheiro índio, Tonto, um valoroso guerreiro, teve seu nome original mantido, criando essa confusão semântica.
Agora, a piada da piada: se o Cavaleiro era solitário, como é que ele tinha um parceiro? Coisa de esquizofrênico, como acabou sendo o próprio Zorro, por haver dois personagens denominados Zorro. Afinal, ele devia se perguntar, quem era o verdadeiro Zorro, ele ou o outro?
o assunto é a frase do título entre aspas. Ouvi a dita cuja numa das chamadas para esse programa do SBT, na qual o apresentador conclama os telespectadores a, suponho, junto com ele, "se ligar" no programa.
O único problema foi a frase "Vamos se ligar".
Para quem não sabe, o pronome pessoal oblíquo átono se é de terceira pessoa.
Assim, quando dizemos "Vamos..." a alguém, está subentendido que o sujeito desse verbo é nós, obviamente:
Eu vou
Tu vais
Ele /ela vai
Nós vamos
Vós ides
Eles/elas vão
Desta feita, a frase em questão não existe gramaticalmente. Ou é vamos nos ligar em alguma coisa, ou eles / elas vão se ligar, ele / ela vai se ligar, ou você vai se ligar e vocês vão se ligar (você é uma forma de segunda pessoa que leva o verbo para a terceira pessoa, daí ser possível o uso do reflexivo se, como enfatizei no artigo).
Em suma, como o próprio Supremo Tribunal Federal decidiu que não há necessidade de diploma de jornalismo para o exercício da profissão, essa chamada do SBT deve ter sido para divulgar alguma campanha de analfabetismo nestes tristes trópicos!
Como fica agora quem trabalhou duro durante anos para conseguir um diploma de jornalista? Esses vão simplesmente rasgar o diploma, já que ele não é mais necessário.
E quem pretende ser jornalista não precisa mais se dar ao trabalho de passar em vestibular ou gastar fosfato nas cadeiras frias das faculdades.
Afinal de contas, não é nem necessário saber a própria língua para exercer essa profissão!
A vanguarda do atraso continua operando em nosso país, pra não dizer como se diz na gíria, "operando nosso país"! E olha que não sou jornalista, sou professor de profissão. E não preciso de diploma pra ser poeta e escritor.
Mas, pelo andar da carruagem, qual vai ser o próximo passo? Desregulamentar a profissão de professor? Já vou me preparando para rasgar o meu diploma (ou os meus) também, e olha que eu tenho uma pilha deles: graduação, mestrado, doutorado...
Depois é voltar pras cavernas, ou pras matas, e resolver tudo no tacape! Não será necessário o uso da língua.
Quanto ao "vamos se ligar", como diz o Índio ao Cavaleiro Solitário, quando este olha as colinas ao redor, vê uma fileira interminável de índios e diz:
"Meu Deus, nós estamos cercados"!
- Nós ... quem, cara-pálida? :)
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Falando em coisas esdrúxulas: no Brasil, o Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger) foi apresentando como Zorro, pelo fato de também usar máscara.
E seu companheiro índio, Tonto, um valoroso guerreiro, teve seu nome original mantido, criando essa confusão semântica.
Agora, a piada da piada: se o Cavaleiro era solitário, como é que ele tinha um parceiro? Coisa de esquizofrênico, como acabou sendo o próprio Zorro, por haver dois personagens denominados Zorro. Afinal, ele devia se perguntar, quem era o verdadeiro Zorro, ele ou o outro?
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